25 agosto 2006

Alvarenga - Nova Associação - BioAlva, Associação para a Salvaguarda e Sustentabilidade de Alvarenga



“Aqui encontra-se todo um passado de Património a descobrir constituído por Castros, Mamoas, um Menir, Casas Solarengas, Alminhas, Moinhos de Rodízio, Gastronomia variada, o Rio Paiva, a Cascata das Aguieiras, Paisagens…”



Alvarenga com um território de 42 km2 de área e 1.200 habitantes faz desta aldeia a mais vasta e a menos populosa das vinte freguesias do concelho de Arouca, Aveiro.
Desempenhou um papel importante no território português ao longo dos séculos, com maior incidência no início da nacionalidade. De cariz agrícola e florestal, tem nos últimos anos sofrido com o abandono destas actividades económicas, levando à migração dos seus habitantes para outros centros urbanos, provocando assim uma desertificação populacional.
A Associação BioAlva - agora constituída e cuja sede social se localiza no antigo edifício que foi a sede da Câmara do extinto (1836) concelho de Santa Cruz de Alvarenga - tem como principais objectivos a Salvaguarda, Reabilitação e Sustentabilidade de Alvarenga, sem impedimento do seu alargamento a outros territórios. Tomando como base o Património existente na freguesia no seu sentido mais lato, tanto tangível como intangível (nele incluímos as vertentes arqueológica, arquitectónica, religiosa, industrial, cultural e natural), a BioAlva pretende ser um grupo de trabalho parceiro de Alvarenga que ajudará a população a dar-lhe uma nova função.
Por um lado, a arquitectura vernácula da região constitui Património único no Mundo. Fazer chegar essa informação além-fronteiras será benéfico para quem a desconhece, e para quem a detém será uma oportunidade de se reutilizar os conhecimentos ancestrais repletos de domínio das técnicas e dos materiais construtivos naturais, mais económicos e duradouros. Por outro, fazê-los perdurar a par da inserção de novas tecnologias será estar a criar uma solução face aos problemas económicos e energéticos que assolam o Planeta. Não é preciso inventar nada porque já existe; houve alguém que fez o trabalho no passado; só é necessário reorganizar o Património e levá-lo para o futuro.
A Associação procederá ainda à elaboração de estratégias de desenvolvimento de Alvarenga nos seus mais variados campos (energias renováveis, turismo, cultura, entre outros). De facto, tais objectivos presidem à constituição da BioAlva e passam pela inventariação e levantamento do Património de Alvarenga, sua reabilitação, sustentabilidade e divulgação, com o fim de o estudar do ponto de vista científico e o vocacionar para a sua inclusão em percursos turísticos. A implementação destas medidas permitirá, assim, a criação de riqueza, de postos de trabalho e, consequentemente, a fixação da população na freguesia que actualmente se apresenta exaurida de habitantes e de potencialidades económicas.
A vasta extensão do território de Alvarenga justifica o elevado número de sítios patrimoniais de interesse a levantar de modo a que, em conjunto com a população, seja possível tirar partido dele. De facto, os objectivos relacionados com a reabilitação assentam na sua acção sobre objectos patrimoniais que valorizam o Património de Alvarenga, nos quais se incluem sítios arqueológicos, núcleos urbanos, edifícios, caminhos e elementos biológicos. Estes são os objectos físicos, mas pretende-se igualmente agir sobre Património intangível reabilitando-o. Esta reabilitação permite o ajuste do Património à actualidade. Do mesmo modo, a BioAlva pretende propor a classificação desses objectos patrimoniais de qualidade para a valorização de Alvarenga, começando por sítios como a Carreira dos Moinhos (que inclui 17 moinhos de rodízio e a respectiva casa do moleiro), o Lagar comunitário de Azeite (onde se fazia grande parte da produção de azeite da aldeia), a Cascata das Aguieiras (cujo desnível é de 160 metros) e, finalmente, o Caminho antigo do Sr. dos Aflitos até à Sr.ª da Mó (que se prolonga por 12km) e que liga Alvarenga a Arouca.
A questão da sustentabilidade e divulgação assenta primordialmente numa educação ambiental e ecológica. A interdependência, reciclagem, parceria, flexibilidade e diversidade resumem-se assim a um ECOSSISTEMA que por sua vez conduz à SUSTENTABILIDADE. Tal processo passa pela reutilização de soluções vernáculas ancestrais mais baratas, duradouras e naturais, tanto construtivas como materiais, energéticas e artesanais. Embora a população disponha já desta informação, através dos seus contactos familiares e sociais com os anciãos da comunidade, o objectivo reside em informá-la adequadamente sobre o tipo de património que detém. Através de projectos de readaptação e revalorização de património, cuja qualidade será atestada do ponto de vista científico, técnico e económico, a população adapta e valoriza o seu Património, participando na sua elaboração e execução.
A reabilitação e sustentabilidade a que aludimos vocaciona-se para o turismo, que continua a ser uma indústria crescente no nosso país. Assim, uma correcta adaptação do território-Património permite oferecer e receber um turismo de qualidade, uma vez que Alvarenga tem essas qualidades: falamos das ofertas de gastronomia variada, do artesanato, dos ofícios, da pesca e da caça. A criação de percursos temáticos ao longo do território-Património alvarenguense (a pé, de bicicleta, a cavalo, de todo-o-terreno, pelo rio Paiva, planaltos e montes) permite que o eco-turismo se enquadre no privilegiado conjunto paisagístico de Alvarenga que é rico e diversificado.
Ao dinamizar os seus vários objectivos a BioAlva está a fomentar trabalho nas seguintes áreas: recuperação de técnicas ancestrais, através da integração dos idosos; investigação e levantamento patrimonial, com a participação de técnicos especializados; reabilitação e construção de edifícios e/ou sítios, desenvolvendo a construção civil; elaboração de trabalhos sobre Património e investigação realizados por docentes e discentes de diversas instituições universitárias.
Acreditamos sobretudo que, ao dinamizar-se Alvarenga, se estão a criar pólos de atracção, os quais geram interesses socioeconómicos. Estes por sua vez geram riquezas, e onde esta existe facilitará a fixação de população.
As estratégias preconizadas pela BioAlva para atingir os seus fins passam pela procura de Padrinhos do Património, ou seja, de patrocinadores da reabilitação de objectos patrimoniais (tais como casas, museus, prospecções arqueológicas e percursos), tanto quanto pela ligação a outras instituições com as quais historicamente mantinham já laços: falamos da iniciativa de geminação com a cidade brasileira de Visconde de Rio Branco (Minas Gerais), cujo ponto central será a figura de Adriano Telles, um dos mais empreendedores industriais da história da freguesia. Com esta geminação pretende-se a criação de uma extensão do Museu de Visconde de Rio Branco em Alvarenga. Por outro lado, esta permitirá o intercâmbio de pessoas e dará um maior impulso a trocas culturais e científicas. Outra das estratégias será a criação de pólos museológicos (utilizando o conhecimento dos mais velhos), tais como a Carreira dos Moinhos ou o Lagar de Azeite, a dinamização dos caminhos antigos (romanos e medievais), a criação de projectos sustentáveis (com recurso às energias alternativas) e a captação de energias através de resíduos orgânicos, da água, do Sol e do vento, tentando com isto informar a população sobre o seu Património e dela obter conhecimento e apoio.
No tocante à dinamização dos caminhos antigos, a BioAlva tem estado a desenvolver o projecto de um percurso pedonal que abrangerá o já mencionado Lagar de Azeite, a Cascata das Aguieiras, a descida para o rio Paiva, a travessia para a freguesia vizinha de Canelas (na margem esquerda do Paiva) através de uma ponte em madeira construída para o efeito, em memória da ponte romana desaparecida, voltando depois ao seu ponto de origem, em Alvarenga, pelo Monte e Castro do Senhor dos Aflitos e, finalmente, por Santo António até à Chieira.
Deste modo, a BioAlva funcionará ao mesmo tempo como Provedor do Património da freguesia, ajudando a legar essa Memória Patrimonial às gerações vindouras e levando estas a conhecer o que está subjacente às suas raízes.


“…com um território organizado e uma população especializada.”

2 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns ao Sr. General

Anónimo disse...

Como Alvarenguense, felicito-o pelo seu Blog onde divulga a nossa terra com elementos tão pouco conhecidos da nossa gente.
Gostei muito, e periodicamente voltarei para saber mais .
Tudo de bom
Arlindo Pereira